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CEFALÉIA NA INFÂNCIA (Prof. Mauricio Borja*)

      *Neurologista Infantil. Professor do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

A abordagem da cefaléia na infância requer extrema sensibilidade por parte do pediatra ou neuropediatra, devido ao caráter impreciso dos sintomas, que transitam entre a enxaqueca, a cefaléia tensional ( esta com  particularidades que envolvem um forte componente psico-afetivo, tornando o seu diagnóstico bastante subjetivo), e as de causa lesional.

De uma maneira objetiva e sintética, do ponto de vista etiológico, as cefaléias infantis são classificadas em primárias e estruturais.

Entre as primárias estão a enxaqueca e as cefaléias de fundamento psico-socio-ambiental. No grupo das estruturais (secundárias), todas aquelas relacionadas com um substrato lesional que envolva o SNC.

Nas enxaquecas, ainda que possamos encontrar formas clinicamente bem definidas segundos os critérios internacionais, o que predomina na prática são sintomas satélites que muitas vezes são mais exuberantes que a própria dor de cabeça: dores abdominais recorrentes de etiologia indefinida, vômitos cíclicos, cinetose, etc. Elas representam entre 20 e 25% do total de cefaléias na infância. Os critérios são: cefaléia recorrente associada a 2 ou mais dos seguintes sintomas: náuseas e/ou vômitos, escotomas, fotofobia, caráter unilateral e pulsátil e presença de antecedentes familiares em primeiro grau.

O grupo maior representa ao redor de 70 % do total e consiste no “movediço” terreno das cefaléias ligadas ao emocional (tensional) e ambiental (alimentos, hábitos e estrutura familiar). Aqui é onde se exige maior sensibilidade e experiência visto que, como não existe um substrato concreto, a conduta seria mais longe das drogas e muito mais perto da mudança de aspectos pessoais e familiares.

O terceiro grupo seria o das cefaléias estruturais, onde existiria um substrato lesional do SNC, tendo como destaque as causas infecciosas (meningite, encefalites e abscessos cerebrais), traumáticas e tumorais.

A classificação das cefaléias é de importância capital em virtude de cada segmento exigir condutas absolutamente diversas.

Referêncas:
1-      Feldman, A; Gordon,D: Cefaleias Primárias – Ed. Artes Médicas – 1998

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